Felipe Menezes e João Paulo Zanatto
30/11/2023
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O 8º Fórum Nacional de Autogestão e Autodefensoria foi emoção do início ao fim, sobretudo nesta quarta-feira (29), quando aconteceu a votação dos novos autodefensores nacionais. Com disputas acirradas, Paula Conceição (ES) e Gustavo da Silva (RO) foram eleitos para representar e defender os direitos das pessoas com deficiência e suas famílias pelos próximos anos (2024-2026). Os suplentes serão Maria da Conceição (PA) e Victor Augusto (GO). O dia também foi marcado pelo encerramento dos trabalhos do 1º Fórum Nacional das Famílias das Apaes e do Encontro Nacional de Coordenadores de Assistência Social da Rede Apae Brasil.
Após o resultado da eleição ser anunciado, o presidente da Federação Nacional das Apaes (Fenapaes), José Turozi, parabenizou os novos autodefensores e os encorajou a utilizarem todas as ferramentas que têm à disposição. “Não se limitem somente aos Fóruns, que só acontecem de três em três anos. Tenham encontros, utilizem a estrutura da Federação Nacional para compartilhar experiências, trocar ideias com todo o Brasil. Para fortalecer e, cada vez mais, empoderar a todos vocês. Bem-vindos, muito sucesso para vocês e que tenham uma gestão muito proveitosa. Meus parabéns”, disse.
Emocionada, Paula Conceição se lembrou do pai, a quem dedicou a conquista. “É a realização de um sonho. Só que tem um significado muito grande, porque esse era o meu sonho e do meu pai também, que já faleceu. Saber que consegui, como representante do Espírito Santo, ser eleita autodefensora nacional é muito gratificante”, enfatizou.
Além disso, a capixaba afirmou que vai lutar com perseverança, com todos, como um único time, para que as pessoas com deficiência tenham seus direitos respeitados.
“Eu estou aqui hoje porque cada um votou e acreditou em mim. Então, se eu sou uma representante da autodefensoria nacional, é por conta deles [autodefensores]. Nós vamos lutar juntos, porque todos nós, pessoas com deficiência, temos o direito, merecemos e queremos ser protagonistas da nossa própria história. Precisamos de oportunidades, e não de piedade. Ocupar esses espaços é um direito nosso”, acrescentou.
Já Gustavo da Silva agradeceu a confiança e garante que vai trabalhar em conjunto com a diretoria executiva da Fenapaes para alcançar soluções dos desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência em nosso país.
“Estou muito feliz. Quero agradecer a Deus, a minha família, a minha esposa e a toda delegação de Rondônia, que sempre me apoiaram. Fizemos uma campanha linda. Eu vim para somar, buscar e garantir o direito das nossas pessoas com deficiência. E podem ter certeza de que a gente vai trabalhar junto com a nova diretoria para encontrar soluções e resolver as nossas dificuldades, como acessibilidade e o preconceito”, pontuou.
Amadurecimento e protagonismo
Também chegou ao fim a primeira edição do Fórum Nacional das Famílias das Apaes. Foram dois dias de troca de experiências, aprendizados e discussões importantes sobre o papel da família no contexto do movimento apaeano.
Coordenadora da Família da Apae Brasil, Joseane Toebe frisou o amadurecimento da Coordenadoria durante este primeiro encontro nacional. “A cada encontro que a gente faz com os coordenadores e com os familiares do movimento apaeano, nós plantamos uma semente e, também, a cada encontro colhemos as sementes do encontro anterior. O que a gente percebe é uma crescente, uma maturidade desse nosso grupo”, ressaltou.
Toebe destacou ainda a criação de uma carta com reivindicações, durante o Fórum, e acredita que o evento revigorou e consolidou as conexões estabelecidas entre eles, além de apontar a importância de não só continuar com os trabalhos, mas desenvolvê-los.
“No Fórum Nacional das Famílias, nós construímos a primeira carta de reivindicações das famílias para que seja considerado um planejamento no plano de trabalho da Federação Nacional a partir do ano que vem. Fortalecemos os vínculos, os laços e trocamos muitas experiências de realidades distintas, famílias que trouxeram e agregaram vivências de sucesso, de superação e de inclusão. Então, é muito importante e positivo que a gente consiga manter esse trabalho e ampliá-lo, para que mais famílias, que todas as Apaes, os presidentes e os diretores consigam compreender o quão importante é incluir a família em seus planejamentos e a construção de serviços que vão ou já estão sendo prestados”, apontou.
Integrante no movimento apaeano há cerca de quatro décadas, o coordenador nacional das Famílias, Rodolpho Dalla Bernardina, defendeu o retorno do papel ativo e participativo das famílias. “A gente vê nesse resgate da Coordenação das Famílias, nesse Fórum que realizamos, uma oportunidade muito grande de nos fortalecer e a família voltar a ter protagonismo dentro do movimento. Da mesma forma que na ONU [Organização das Nações Unidas], quando as pessoas com deficiência falam: nada para nós, sem nós. Nós também trazemos isso para a família: nada por um movimento de família, sem nós. Queremos ser ouvidos e ditar o que é melhor para nós. É esse olhar para a família que me faz acreditar em um movimento estruturado e com realizações voltadas para aquilo que realmente é necessário”, reforçou.
Presente no evento, o presidente José Turozi elogiou o trabalho desenvolvido por Rodolpho, Joseane e, também, Diva Marinho, primeira coordenadora nacional. Na ocasião, Turozi reforçou a importância da Coordenadoria da Família para o movimento apaeano, que nasceu no primeiro ano de sua gestão, em 2018, com o objetivo de resgatar a importância e o protagonismo das famílias na trajetória de lutas e vitórias em benefício das pessoas com deficiência.