Ana Carolina Santana
01/11/2024
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A Federação Nacional das Apaes (Fenapaes) lançou nesta quinta-feira (31) o curso “Conceito social da deficiência: definições e práticas”, iniciativa que busca fortalecer a compreensão e a aplicação do modelo social da deficiência. O curso é on-line e voltado a profissionais, familiares e a todas as pessoas que desejam compreender o entendimento sobre a deficiência como uma questão social, abordando temas para a inclusão e a valorização das pessoas com deficiência.
Conduzida por Wagner Saltorato, analista de Pesquisa da Fenapaes, a live de lançamento contou com a participação de representantes da entidade, entre eles o presidente, prof. Jarbas Feldner de Barros, e a coordenadora nacional de Autogestão e Autodefensoria, Tâmara Soares; além do mestre em política social e pesquisador Wederson Santos, responsável pelo desenvolvimento e condução do curso; e da secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Anna Paula Feminella.
Em seu discurso, o prof. Jarbas destacou a importância de compreender a deficiência como uma questão social, e não meramente individual. O líder do movimento apaeano frisou que o curso é uma ferramenta essencial para que possam se qualificar e promover a autonomia das pessoas com deficiência.
“O curso é um marco importantíssimo para nós, porque fornece uma base sólida para todos que atuam pela inclusão. Queremos fortalecer a nossa Rede e reforçar a luta contra o capacitismo, garantindo que as pessoas com deficiência sejam respeitadas”, afirmou.
O conteúdo do curso é dividido em três unidades. Inicialmente, apresenta os fundamentos do conceito social da deficiência, analisando o modo como ele vem evoluindo ao longo dos anos. Posteriormente, aborda a aplicação prática desse conceito, explorando temas como Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e avaliação biopsicossocial. Na terceira parte, aprofunda questões de justiça social e direitos humanos, além dos desafios na promoção de uma atenção integral para as pessoas com deficiência.
O presidente da Fenapaes explicou que o curso foi desenvolvido para ser acessível e adaptável, permitindo que qualquer pessoa, independentemente de suas necessidades, possa aproveitar plenamente o seu conteúdo.
Wederson Santos destacou a sua visão acerca da relevância desse conteúdo para a Rede Apae e além dela. Ele salientou que o modelo social da deficiência traz uma nova forma de compreender a inclusão, realçando que essa abordagem foi elaborada pelas próprias pessoas com deficiência.
O pesquisador explicou também que o curso vai além da teoria, propondo uma mudança prática. Wederson disse que o modelo social “é um movimento político de redefinição até mesmo das formas de exigir respostas, trazendo o tema da deficiência enquanto um tema de justiça social, e não apenas um tema da ordem mais individual”. Essa mudança, segundo ele, ajuda a promover o reconhecimento das pessoas com deficiência como sujeitos de direitos, além de abrir espaço para novas legislações e políticas públicas que priorizem a inclusão.
Capacitação inclusiva
Tâmara Soares ressaltou a sua perspectiva acerca do papel do curso na capacitação da Rede Apae e a importância de se garantir a voz das próprias pessoas com deficiência. Segundo ela, falar em inclusão é garantir que as pessoas com deficiência possam expressar as suas necessidades e demandas, sem intermediários.
“O curso permite que os profissionais e as famílias entendam as necessidades das pessoas com deficiência e respeitem as suas decisões, promovendo uma verdadeira inclusão”, afirmou.
A coordenadora reforçou ainda a relevância de respeitar a diversidade de perfis e necessidades das pessoas com deficiência, considerando a multiplicidade de experiências e modos de autonomia.
“O curso traz um olhar humanizado e nos lembra que a inclusão é criar potências. Cada pessoa com deficiência tem as suas habilidades e a sua força, e a nossa missão é dar espaço para que essas potências se expressem”, enfatizou.
Políticas públicas e sociais
Para Anna Paula Feminella, o curso representa um avanço vital no fortalecimento da rede e na formação de agentes que compreendem o modelo social da deficiência. Na visão da secretária, a conscientização é o primeiro passo para mudar essa realidade e construir uma sociedade mais justa e inclusiva, e ressaltou o papel fundamental da Apae nesse processo.
“A rede capilarizada da Apae mobiliza conhecimentos, pessoas, famílias, agentes públicos e privados em torno de um tema tão fundamental, e não só para as pessoas com deficiência e suas famílias, mas para toda a sociedade”, afirmou.
Anna Paula também salientou que a capacitação vem ao encontro das mudanças previstas pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, confirmando que é um passo importante para transformar o modelo social de deficiência em ação concreta.
“Estamos falando de deficiência como uma condição humana. O que explica a nossa exclusão social são as barreiras que encontramos na sociedade. Esse curso nos ajuda a olhar para essas barreiras e a entender que elas, e não as pessoas, são os verdadeiros impedimentos”, frisou.